22.5.06

Vocês não sabem o que é urucubaca!

A frase título, dita pelo presidente lula (como é praxe, em minúsculas), poderia ter sido dita por Valentino Rossi após este início de temporada da MotoGP, que teve no último domingo em Le Mans, na França, sua etapa mais recente.
Na primeira corrida da temporada, em Jerez, Espanha, Valentino foi tocado por Toni Elias e, numa corrida de recuperação com a moto danificada, somou só dois pontos chegando em nono lugar.
Em Losail, no Qatar, cumpriu a promessa de colocar "ordem" no campeonato e venceu com a autoridade de sempre.
Na Turquia, em Istambul, Rossi, largando de trás e com ânsia de se recuperar ainda no início da corrida, cometeu um erro numa sequência de curvas, sendo ultrapassado por vários competidores para, em uma nova corrida de recuperação após o erro, chegar em quarto lugar.
Xangai, China. Valentino Rossi sabia que precisava vencer para diminuir a distância em pontos que o separava de seus adversários. Pressionou a todos e liderou, mostrando porque é sete vezes campeão mundial de motovelocidade, mas na décima sétima volta parou com problemas nos pneus de sua Yamaha.
Em Le Mans, na França, Valentino sentiu sobre si a pressão que normalmente coloca sobre os outros e o fato de não ter o campeonato sob controle, mas ainda assim fez uma excelente corrida, liderando até ter problemas mecânicos.
O saldo até agora? Quarenta e três pontos o separam do primeiro colocado, o constante Nick Hayden que só deixou de subir ao pódio - mas chegou em quinto lugar - justamente nessa corrida de Le Mans.
Valentino faz mágica com sua Yamaha, que neste ano parece não estar tão acertada quanto em 2004 e principalmente como em 2005. Basta ver os resultados de seu companheiro de equipe, que não é exatamente um piloto qualquer. O fato é que Valentino, se quiser manter o título, vai ter que trabalhar na pista, nas corridas, como nunca precisou fazer. E ainda tem que se livrar da urucubaca!
Mas sinceramente não duvido que ele ainda leve o oitavo título mundial e sexto título na categoria principal.
De todo modo, não custa pedir ao Raikkonen e ao lula o endereço de alguns pais-de-santo, para porem fim à urucubaca, né zinfio?

15.5.06

Fraqueza e poder

Os recentes ataques à polícia, à segurança e aos cidadãos paulistas colocaram a sociedade e o sistema penal brasileiro em cheque. As ações praticadas pelos bandidos do PCC - organização criminosa paulista com ramificações em todo o Brasil, quiçá no exterior, dão a exata dimensão do que acontece quanto um Estado (País) é fraco, inerte, corrupto e mastodôntico em sua organização.

De plano, deixo claro que esses bandidos do PCC não são vítimas de desigualdade social, da falta de educação e de perspectivas de vida. Podem até ter sido um dia, mas hoje sãotão somente bandidos. Dou exemplos: Um batedor de carteira, um ladrão de padaria, assaltante de ônibus, ladrão de toca-fitas, a mulher que ficou presa 4 meses por ter furtado um pote de manteiga, o pescador de tarrafa para venda de peixes à beira do rio, o mendigo viciado em crack, os atos criminosos praticados pelo MST, tudo isso tem raízes profundas na desigualdade social.

Para o combate ao crime, qualquer que seja, não se pode confundir as espécies de criminosos. Os envolvidos com o PCC são estelionatários, traficantes, seqüestradores, assaltantes de bancos, de carros-forte, de prédios de classe alta. Têm inteligência criminosa. Estes selvagens que estão atacando a sociedade não estão preocupados com a redução do abismo social. Eles querem dinheiro, poder, status. Querem se impor perante a sua comunidade, perante a cidade, perante o governo, perante a sociedade. Querem governar o mundo do crime para se imporem à sociedade, querem ser senhores, juízes, algozes, déspotas.

E para isso se utilizam de vários artifícios decorrentes da fraqueza do Estado:

1- Legislação penal e processual penal branda, que permite que menores trabalhem para o crime, que os criminosos fiquem soltos e praticando mais crimes, que o tempo efetivo de cumprimento de pena seja quase nulo, que os bandidos se sintam mais seguros em presídios do que duelando com seus rivais nas ruas, que eles se sintam confortavelmente instalados (já vi na TV um presídio em MG com piscina de fibra e bandidos fazendo churrasco no pátio), comendo "deliveries" de bons restaurantes, com TV, DVD, frigobar, ar-condicionado, centrais telefônicas, celulares, internet via celular, etc;

2- Corrupção que permite que aparelhos eletrônicos e esses outros "benefícios" cheguem aos apenados, além de permitir que alguns saiam durante o dia para praticarem seus crimes, retornando à noite (um exemplo: assaltantes de banco que cometem o crime durante o dia e voltam à noite ao presídio, mesmo reconhecidos pelas vítimas simplesmente alegam: "mas eu estava preso");

3- Advogados inescrupulosos - e tão criminosos quanto seus clientes - que servem de "garotos de recados" e de traficantes de entorpecentes e celulares aos apenados, o mesmo acontecendo com os visitantes dos presos;

4- Inúmeros exemplos de impunidade - de menores, de figurões, de políticos, de endinheirados - que fortalecem em quem tem tendências ao ilícito o pensamento de que o crime compensa;

5- Polícia enfraquecida em sua dignidade, com baixos salários e sem condições de combater material e psicologicamente (prendem um bandido 10 vezes, e ele é solto 10 vezes...) bandidos mais bem armados, organizados e bem amparados pela lei;

6- Inércia de um Congresso Nacional e de Assembléias Legislativas, que arrastam os projetos de lei relativos à segurança pública por desconhecimento do tema por parte dos parlamentares, por corrupção, lentidão sistemática, preguiça e indolência;

Repito que essa onda de violência em São Paulo nada tem a ver com luta social. Esses criminosos do PCC não são "coitadinhos", e com gente dessa espécie a lei deve ser mais rigorosa. Para cada um dos pontos enfocados, há uma solução correspondente que deverá ser posta em prática através de mudanças profundas na legislação respectiva.

1- Reforma na legislação penal e na estrutura prisional, com restrições a benefícios e que façam com que os presídios sejam realmente lugares para se cumprir pena restritiva de liberdade, e não chiqueiros com 30 ou 40 pessoas em cada cela, mas também não com o conforto de um "flat";

2- Medidas efetivas de combate à corrupção, inclusive com alterações na legislação processual administrativa para celeridade e punição aos servidores que compactuam com o crime;

3- Visitas de advogados e familiares somente em gabinetes separados por vidros, sem possibilidade de contato pessoal entre advogados e familiares com presos que fizerem parte de organizações criminosas ou que representem perigo à sociedade (sim, extinção das visitas íntimas por um determinado período, somente tendo direito a tanto aqueles presos que demonstrarem bom comportamento). Contato pessoal só acompanhado de agentes penitenciários. É mais nocivo a uma criança ver o pai preso mas agindo como "chefe" em um presídio, do que realmente cumprindo uma pena;

4- Reforma penal e processual penal (que já está no Congresso há décadas) para se acelerarem os processos penais e pôr fim à impunidade;

5- Restauração da dignidade da polícia em sua totalidade, em especial para que vejam os resultados de seu trabalho - bandidos realmente cumprindo pena;

6- Sinceramente, não consigo mais dar sequer uma sugestão (tantos já falaram tanto tantas coisas boas) para se melhorar o problema crônico brasileiro no que tange à política.

Sim, nada substitui a justiça social (educação, emprego, escola, renda...), tão necessária para que a violência urbana seja reduzida. Mas esperarmos que isso ocorra sem que sejam adotadas medidas imediatas, concretas e duras para repressão ao crime é esperarmos pelo caos.

Infelizmente, o que está valendo (há tempos e cada vez mais) é a máxima: "Onde o Estado é fraco, o crime é forte"...

14.5.06

13 de maio

13 de maio de 1888 - Abolição da Escravatura no Brasil. Cento e dezoito anos depois, pouca coisa mudou. Hoje não se escraviza mais sob a violência do chicote. Escraviza-se, independentemente de cor, raça, credo, sexo, idade - mas sobretudo aos negros, ainda -, sob outras formas de violência: o racismo velado, oculto; o racismo econômico; o racismo da autoridade; o racismo intelectual; o racismo que humilha para se afirmar sobre o outro. Ainda hoje relutamos em libertar nossos escravos.

13 de maio de 1917 - A Virgem Maria, Nossa Senhora, apareceu em Fátima a três crianças, deixando com elas um segredo dividido em três partes - todas já reveladas -, pedidos de oração e mensagens de paz. Os segredos já revelados não são apocalípticos, como pensavam alguns, mas para os que têm fé, são a prova de que o mundo está nas mãos de Deus. Quanto às orações e a paz, hoje são poucos os que fazem orações sinceras e simples, buscando encontros consigo e com Deus. Oitenta e nove anos depois, a paz está distante dos corações dos homens, quiçá pela falta de oração, meditação, interiorização, ou o que quiserem chamar, mas que deveria levar ao auto-conhecimento e a propósitos, que deveriam ser concretizados, que deveriam convergir para a melhoria das relações humanas.

13 de maio de 1981 - O Papa João Paulo II sofreu um atentado. Era a terceira parte do segredo de Fátima. A partir de então, aquele Romano Pontífice intensificou sua vida espiritual, servindo a cada dia com mais dedicação às almas do seu rebanho. Mesmo os não católicos admiravam a pessoa do Papa João Paulo II. Com a saúde pouco a pouco sendo consumida, ele nos deu exemplos de força de vontade, perserverança e fé. Vinte e cinco anos depois, constatamos que não soubemos e ainda não sabemos imitar os bons exemplos e continuamos fechados em nossa própria pequenez.

Desculpem-me pelo exame de consciência público, mas nesta data de tão importantes lembranças, o que fazer senão examinarmo-nos sob as suas luzes? E depois do exame, em especial sobre o primeiro dos "13 de maio", que trata da caridade - amor - para com o próximo (novo e mais importante mandamento deixado por Jesus, cumprido e desejado pela Virgem de Fátima e buscado por João Paulo II e talvez por todas as religiões, cristãs ou não, e até mesmo pelos ateus) , que tal tirarmos ao menos um propósito e concretizá-lo afinal, libertando os escravos que estejam sob nosso jugo, agindo então como "novos abolicionistas"?

7.5.06

O rei não entrega o cetro

No post de 24 de abril passado, disse que nosso rei da velocidade havia caído aos pés do novo rei Schumacher, quando este quebrou o último recorde que lhe faltava para o transformar - estatisticamente ao menos - no maior piloto de fórmula 1 da história. Disse também que o rei Schumacher estava agonizando na luta para manter o cetro, reclamado por Alonso.
Mas o fato é que o rei é forte e tem um séquito fiel e dedicado. Enquanto o rei agonizava em seu trono, o mago Willy Weber e o alquimista/general Jean Todt deram-lhe poções para recuperar a força para retornar ao campo de batalha. Os armeiros do rei, Sir Ferrari e Sir Bridgestone, deram-lhe armas aperfeiçoadas, para que a batalha pudesse ser vencida.
O também general Ross Brawn traçou uma estratégia vitoriosa para a batalha que se ia seguir.
O bobo da corte foi substituído por um escudeiro, Felipe Massa, que com seu ímpeto e vontade de entrar na batalha principal fez com que o rei mostrasse a ele os motivos que o levaram ao trono.
Os soldados cumpriram à risca a estratégia dos generais e, mais do que isso, foram fiéis ao seu rei vencendo os soldados inimigos de Sir Briatore.
Os súditos do rei, então, ao vê-lo no trono do pódio, aclamaram-no efusivamente.
O rei não pretende entregar o cetro no campo de batalha; ainda que o príncipe herdeiro Alonso o tome à força, a história se encarregará de mostrar ao mundo os feitos do maior rei da história do reino da velocidade. E esse rei jamais será esquecido pelos seus súditos.

4.5.06

Nem tudo está perdido

Nem tudo está perdido. Ultimamente, vejo crescer e se materializar essa constatação. Os links que constam ao lado direito do meu blog, bem como os comentários para os posts desses links demonstram que há muita gente disposta a ver o mundo melhorar sendo éticos, vencendo preconceitos, valorizando a educação e cultura, convivendo harmoniosamente com as diferenças, etc . E isso, como disse Jesus Cristo, é ser fermento na massa. Toquei no nome de Cristo propositalmente, porque independentemente de religião (eu sou Católico), é inegável que os ensinamentos de Cristo, assim como os de Buda, dos Deuses hindus, de Alá, Maomé e outros, quando vistos sem deturpação, visam apenas e tão somente a excelência humana em nível pessoal e coletivo; em última análise, visam o bem da humanidade. Não vou discorrer sobre religiões ou teologia, até porque não tenho gabarito pra isso, mas o Cabelo, em post inserido no seu blog (www.murronorim.blogspot.com/2006/05/liberdade-de-expresso-e-limites.html), tocou em um ponto chave sobre a intolerância e o preconceito (aconselho a ler o link pra melhor avaliação e conclusão sobre este meu post). Ultimamente as religiões, em especial a católica, mas todas as religiões, repita-se, viraram saco-de-pancadas. Desrespeita-se a fé das pessoas em nome da liberdade de expressão, numa completa inversão de valores éticos, onde o respeito sempre deve preceder e nortear a liberdade de expressão. Alguém poderia dizer: Mas as religiões são contra isso ou aquilo, e é por isso que as atacamos. Ora, ao assim agir, essas mesmas pessoas se transformam em homens-bomba do desrespeito, numa guerra onde uma palavra, um gesto, uma expressão artística, fere tanto ou mais do que uma arma de fogo. E isso se agigantará como uma bola de neve, onde uns e outros crescerão em intolerância e preconceito. Será que não há maturidade ou bom-senso nessas pessoas? Será que somente a censura à fé e à arte - a uns e a outros sim, não se esqueçam que na França é proibido ostentar símbolos religiosos até mesmo em escolas fundadas e/ou mantidas por religiosos - tornarão forçosa e artificialmente pacífica uma convivência que deveria ser harmoniosa e respeitosa por iniciativa das próprias pessoas, da sociedade? Ainda bem que nem tudo está perdido! Obrigado Alessandra, Cabelo, Barranco, Pedro Alexandre, e tantos outros pelos ótimos debates nos blogs da Alessandra e do Cabelo. Digo que a cada leitura das opiniões de vocês meu pensamento se aprimora, e isso eu levo para o meu dia-a-dia. E o melhor de tudo é que discussões como as entabuladas com vocês não trazem resultados incompatíveis com minha fé ou com minhas convicções pessoais - e nem poderiam trazer, pois onde há respeito é lá que Deus (para os que nele crêem) e/ou a perfeição humana (para os que crêem em Deus ou não) devem estar.