8.3.07

Datas

Não sou muito atento a datas. Cheguei a esquecer meu próprio aniversário, isso sem contar os aniversários de casamento, de pessoas (desculpa mãe, de novo...). Confesso que esqueço até mesmo do carnaval, já que não sou folião. Aproveito o feriado para descansar ou visitar a família.
Mas há algumas datas que não é permitido esquecer: Ano-novo, Natal, Páscoa, dia das mães, dia dos pais e o Dia Internacional da Mulher. Só que, no meu caso, eu não esqueço estas datas não pela propaganda que se faz em torno delas, mas sim pelo que significado que trazem em si.
O ano-novo é época de propósitos de melhora, de esperança, de pôr abaixo o que foi ruim e recontar uma nova história, mesmo que no dia seguinte enterremos os bons propósitos e continuemos na mediocridade que pautou o ano anterior.
O Natal é época de renovar a caridade, de irradiar amor e compreensão, valorizar as crianças, de celebrar o nascimento do Deus-menino, mesmo que no dia seguinte tratemos mal os pobres, as crianças, os velhos, os familiares, os conhecidos e os desconhecidos.
A Páscoa faz lembrar do sacrifício misericordioso de Deus, que em sua infinita bondade nos enviou seu Filho para nos redimir, faz lembrar do valor do sacrifício ao servir os outros com amor, mesmo que no dia seguinte queiramos mais é que todos ao nosso redor se compadeçam de nossa falsa falta de tempo, de nossa pequena dor de cabeça, de nosso mau-humor para que assim, compadecidos de nossas falsas cruzes, possam os outros nos servir em vez de nós servirmos a eles.
Dia das mães e dia dos pais. Nesses dias se agradece o esforço e o amor que nos foram dispensados incondicionalmente. Compramos um presente, almoçamos em família, e antes que o almoço termine já voltamos a demonstrar impaciência ou fazer alguma malcriação à mãe ou ao pai.
Dia Internacional da Mulher. Dia de comprarmos flores, de as mulheres ganharem botões de rosa da Polícia Militar, dia de palanque para político, dia de nada ser diferente para as homenageadas. As flores murcham, os políticos não fazem mais do que atender seus próprios interesses (como sempre), as homenageadas continuam a lavar, passar, cozinhar, cuidar da casa, cuidar dos filhos, aguentar malcriações, apanhar dos companheiros, ser assaltadas, ser estupradas, ser assassinadas, perder os filhos para a violência da qual já são vítimas.
Datas comemorativas? Pra que tantas? Por que não criar só uma? O Dia Mundial da Hipocrisia! Seria mais prático. Uma única data onde deveríamos nos comportar como seres humanos.
Depois poderíamos voltar a ser animais.
=======================================================
Depois do comentário ácido e talvez impertinente, gostaria de me dirigir às mulheres - a uma em especial.
Cristãos ou não, a Bíblia e a tradição dizem que Maria recebeu a visita de um anjo que anunciou que aquela menina seria a mãe do Filho de Deus. Maria era virgem e estava prometida a um carpinteiro, José. O que significaria ser mãe solteira naquela época em que - como hoje - apedrejavam mulheres em praça pública? Maria, ao dizer "fiat" - "faça-se" - ao anjo já sabia que teria de ter fé e coragem, confiança e fortaleza para suportar qualquer consequência de sua atitude. Essas são características da natureza das mulheres: fé, coragem, confiança e fortaleza.
José a princípio pensou abandonar Maria - como pensam e fazem milhares de Josés quando têm a notícia de uma gravidez, ainda que sejam seus próprios filhos. E como José deve ter reagido mal, o que deve ter dito a Maria naquele momento de desconfiança...
Deus, que não abandonaria sua filha dileta, tratou de mandar um anjo avisar José em sonho do que teria acontecido. José voltou a Maria. Maria - como fazem milhares de Marias abandonadas por Josés - aceitou-o de volta.
Maria - como milhares de Marias - passou dificuldades, viajou prestes a dar à luz acompanhando seu marido. Teve seu Filho numa manjedoura (um comedouro de animais, um cocho!) em uma gruta fria - como milhares de Marias têm seus filhos em condições degradantes. Deus compensou Maria e fez com que o parto fosse indolor.
Maria, para proteger seu Filho fugiu com José e o Menino para o Egito - como fazem milhares de Marias que abdicam do pouco que têm para o bem de seus filhos.
De volta à Nazaré foi ao Templo de Jerusalém numa grande caravana onde perdeu seu Filho (naquela época, segundo a tradição, as caravanas eram numerosas e perder um filho não seria sinal de desleixo) - como acontece com milhares de Marias que perdem seus filhos para as ruas.
Depois da morte de José, Maria acompanhou silenciosamente e muito de perto seu Filho - como fazem milhares de Marias que, em segredo e em silêncio, acompanham seus filhos a cada passo.
Ao pé da cruz estava lá Maria. Se a dor do parto lhe foi poupada por Deus, a dor maior não foi em nada minimizada. "Uma espada trespassará a tua alma" disse-lhe um profeta. Atrevo-me a dizer que cada chaga que doía no corpo de Jesus devia doer infinitamente mais na alma de sua Mãe. Nesse momento Jesus nos deu Maria como Mãe.
Consumada a morte, Maria e outras pessoas sepultaram o corpo do Filho - assim como milhares de Marias o fazem diariamente, no mundo todo.
Quando da ressurreição, Maria não teve o privilégio de ser a primeira a testemunhá-la. Assim acontece com as mães... nunca são as primeiras a receber boas notícias.
"Só as mães são felizes" disse alguém. Digo mais: Só as mulheres são felizes, porque estão mais próximas de Deus. Maria carregou a Deus em seu próprio ventre. Maria é co-redentora da humanidade. Maria pediu ao Filho um milagre (numa festa de casamento, em Caná) e foi atendida. Maria deixou esta herança às mulheres, a de estarem mais próximas de Deus e serem atendidas em seus pedidos.
Santa Maria, rogai pelas Marias, rogai pelas mulheres, rogai pela minha filha e pela minha esposa, rogai pela minha mãe, rogai por mim para que eu nunca esqueça do quanto as amo.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial