27.10.08

Reminiscências em duas rodas I



Eu radicalizando (u-hú!) na terra de um terreno baldio.
Ao fundo, meu irmão.



Por absoluta falta de vontade de tratar de assuntos mais relevantes como eleições, caso Eloá, o sentido da vida, a peruca do Silvio Santos, a perna mecânica do Roberto Carlos, o casamento virgem da Sandy, o E.T. de Varginha, a cura da calvície, etc, vou começar a escrever uma série com algumas memórias totalmente irrelevantes, de coisas que fiz e que teimam em permanecer gravadas na minha velha cachola.
Não é segredo para ninguém que uma das coisas que me faz mais feliz é poder andar em qualquer coisa que tenha duas rodas.
Isso desde os meus tenros cinco anos de idade, quando ganhei minha primeira bicicleta – com rodinhas. Era uma linda Caloi Berlinetinha.
Nela me aventurava no enorme quintal de casa e de vez em quando – suprema aventura – andava quatro quarteirões acompanhado de minha mãe até a praça da Igreja perto de casa.
Foi nessa bicicleta que descobri o gosto pela aventura e a dor de alguns ralados, afinal correr de bicicleta com rodinhas na praça é um esporte um tanto arriscado. Não é brincadeira, não. As rodinhas, ao contrário do que muita gente pensa, não ajudam a equilibrar a bicicleta em movimento, mas impedem que as curvas sejam feitas como mandam as leis (da física) e... CHÃO!
Convencido pelos mais velhos de que as rodinhas mais atrapalhavam do que ajudavam, fui até a esquina de casa – sem atravessar a rua, porque mamãe não deixava – e pedi ao vizinho mais velho que as retirasse.
Orgulho total! Cheguei em casa andando de bicicleta sem rodinhas! Agora a liberdade era plena.
Sonhava em pilotar motos, aqueles veículos grandes e barulhentos, que só os “filhinhos de papai” tinham condições de possuir.
Mas enquanto as motos não vinham... dá-lhe bicicleta.
As bicicletas que povoavam meus sonhos eram a BMX tanquinho, a Caloi F1, a Monark Tigrão, além da Caloi 10, sonho mais distante porque minhas pernas não alcançavam a distância do banco aos pedais.
Nesta época, embora vivesse pedindo uma bicicleta nova, acho que meus pais não queriam incentivar um futuro motoqueiro, e fiquei um bom tempo com a Berlinetinha.
Lá pelos 9 anos, ganhei uma Monark Monareta, aro 20. Na época já folheava revistas de moto e admirava os pilotos de motocross. Depenei a Monareta, troquei seu garfo por um mais “parrudo” e lá fui eu atrás de terrenos baldios, onde a meninada construía “pistas de bicicross”. Claro que a Monareta não era a bicicleta apropriada e, aproveitando-me do pedido do meu irmão – de ganhar uma bicicleta –, convenci meus pais a comprarem duas BMX Pantera, com freio a tambor e tudo o que uma bicicross deveria ter.
A partir daí era uma festa. Os finais de semana eram sempre assim: sábado construção ou modificação das “pistas” da molecada nos terrenos baldios. Domingo andávamos até a exaustão.
Fazíamos também rampas com pedaços de madeira e tijolos, latas, ou qualquer outra coisa que servisse como suporte para uma das bordas da tábua. Nessas rampas, costumávamos colocar uns aos outros deitados para pularmos sobre os infortunados. Ainda bem que nunca ninguém se machucou seriamente.
Eu continuava sonhando com as motos, mas matava os meus desejos com a bicicleta, o que foi até os 14 para 15 anos. Nesse meio tempo, mais precisamente aos 11 anos tive o prazer de pilotar pela primeira vez um ciclomotor. E a partir de então não havia mais o que fazer: virei motoqueiro (na época não havia diferença entre motoqueiro e motociclista) de corpo, alma e coração, ainda que não tivesse moto.
Mas isso é outra história...

2.10.08

Admirável


Tenho estado em falta com esse espaço. Não sei se é porque estou numa fase mais conturbada, onde não sobra tempo para posts mais leves ou bem-humorados, ou se cansei de malhar em ferro frio, criticando via blog os absurdos que a gente costuma ver por aí. O fato é que estou com pouco assunto - ou seria pouca disposição? - para escrever.

Mas a despeito de tudo isso, ontem eu voltei ao pedal das quartas à noite, com as meninas da "Hora do Blush", que organizam o "Le Veló".

Nesse retorno tive duas gratas surpresas. A primeira foi que eu não piorei tanto em meu preparo físico. Fiz todo o trajeto e ainda fui pra casa sem me cansar.

A segunda surpresa foi conhecer pessoalmente uma menina muito simpática e atenciosa: Jacqueline Mourão. A melhor atleta de Mountain Bike da história do esporte no Brasil, e que representou brilhantemente nosso País em duas Olimpíadas e um Olimpíada de Inverno (na modalidade de esqui na neve!), é uma pessoa fantástica. Conhecê-la pessoalmente me fez admirá-la ainda mais.

No começo do passeio, Jacque (estamos íntimos...) vestiu uma camisa igual à dos participantes e ficou no meio do grupo (longe dos seus amigos que são monitores do grupo e usam camisas diferentes para poderem controlar o pelotão e o trânsito). Ela preferiu se misturar à plebe. Eu fiquei perto, sem conversar com ela, mas prestando atenção. No meio do grupo, Jacque andou perto das meninas mais novas e deu a elas algumas dicas, sempre com um largo e belo sorriso e a humildade de dizer antes um "Oi, tudo bem? Posso te dar uma dica?". Jacque parou para consertar as marchas da bike de uma garota... Jacque sorria e aceitava os cumprimentos dos seus fãs e conversava longamente com alguns deles, até dando dicas sobre ritmo, treinamento, etc.

Em duas horas, Jacqueline foi capaz de atender a todos os que lhe solicitavam, sempre - sempre - estampando um sorriso.

Tirei até uma foto com ela!



De tudo isso, posso dizer que o passeio de ontem me fez muito bem, pelo aspecto físico e mental e, principalmente, por ter conhecido a admirável Jacqueline Mourão.