24.11.05

Somos sós

Somos sós, humanamente falando. Essa conclusão é velha, mas sempre que nos esquecemos disso, algo acontece para nos lembrar que somos sós.

Tenho muitas coisas para postar, mas hoje só dá pra curtir a sensação de solidão, mesmo com tantas – e ao mesmo tempo nenhuma - pessoas próximas a mim.

A sensação de não se poder contar com ninguém – ninguém... –, traz consigo uma dor profunda na alma, que é um misto de humilhação, desespero e sensação de abandono.

É essa dor que sinto agora. Já mais amena, mas ainda a sinto.

Deprimido? Que nada! Isso que se está passando comigo é um estado de ânimo, decorrente de um fato específico. É momentâneo. Daqui a pouco – talvez amanhã ou, no máximo, depois – a roda da vida me fará esquecer que sou só. Mas agora... que merda!

E tenho que continuar. Ninguém pode perceber que não estou bem, que estou (sou) só.
Mas isso não é de todo ruim. A sensação de humilhação é um golpe que atinge fundo no orgulho. Percebemos então o nosso real valor humano; e ele é pequeno, quase ínfimo. E humildes nos aproximamos de Deus - que afinal é quem nos escuta nesses momentos - e aí, depois de muito reclamar, tomamos a consciência de que somos Seus filhos e nos tornamos a levantar.

Há momentos em que só Deus é quem pode aliviar a dor de nossa alma. Ao lembrarmos de Seu Filho no calvário, prestes a morrer, lançando como último brado a célebre frase: "Meu Deus, meu Deus, por quê me abandonaste?" vemos que ali, naquele momento, não era a divindade de Cristo que bradava ao Pai, mas a sua humanidade ferida e humilhada que o fazia, numa prova concreta, através do exemplo de Jesus, perfeito Deus e perfeito homem, de que, enquanto homens, somos sós.

Por isso recorre-se a Deus nesses momentos. Ao fazermos isso nos identificamos com Seu Filho, e então temos a certeza de que Ele nos emprestará a fortaleza necessária para, rapidamente, superarmos a dor da humilhação e do abandono, para recuperarmos a esperança e tocarmos a vida adiante.

Desculpem se fui meio deprê neste post. Mas isso – além é claro de uma boa conversa com Ele (Deus) – me ajudou a ficar mais aliviado.

E já que sou só, dispenso comentários a esse post. Depois eu escrevo sobre assuntos mais relevantes.

21.11.05

Sexo, Drogas e Rock'n Roll

Mesmo tendo várias coisas a comentar, vou me abster de falar mal da política. O título sugere mais do que eu vou comentar aqui, mas se alguém já começou a ler, que vá até o final.

Vi uma notícia que me levou a fazer algumas considerações. O canal por assinatura GNT está lançando no Brasil a série Weeds, que tem como descrição contida no próprio site do canal o seguinte: "WEEDS (que significa "erva" em inglês) é a nova atração do GNT. Polêmica, a série tem como protagonista a atriz Mary-Louise Parker (de Angels in America, Tomates verdes fritos e The West Wing). Parker encarna Nancy Botwin, uma viúva que para garantir o sustento dos filhos passa a vender maconha na pacata e, aparentemente conservadora, Agrestic; pequena cidade do interior da Califórnia. Compõem o elenco nomes como Elizabeth Perkins e Keavin Nealon. Weeds é uma série tragicômica que apresenta o lado politicamente incorreto dos tradicionais lares americanos."

Resolvi então escrever sobre isso e sobre o recente episódio do "beijo gay" na novela da Globo.

Entendo que o GNT errou ao pretender abordar o assunto com uma falsa naturalidade, travestindo-o de "sitcom", até porque o que é "normal" não é necessariamente "legal", e certamente o tráfico não é legal também nos EUA.

Ora, o seriado em questão, assim como as "sitcoms" gays dos canais a cabo não "abordam o assunto de maneira tragicômica, apresentando o lado politicamente incorreto dos lares americanos".

Da mesma forma já existem inúmeros programas cujo tema é o homossexualismo, nos canais a cabo.

Penso que os lares americanos - e ocidentais em geral - politicamente incorretos não são necessariamente lares onde se pratica o tráfico e o homossexualismo, que existem, sim, mas não em número suficiente para se tornarem uma "comédia de costumes", banalizando tais comportamentos.

Com efeito, o lado politicamente incorreto dos lares está mais para traições conjugais, uso (e não tráfico) de drogas, alcoolismo, promiscuidade, sonegação. E sobre isso já há várias "sitcoms".

O fato é que assuntos de tal relevância não podem ser "discutidos" através de uma série ou novela, que longe de gerar discussão, formam opinião. O problema é que a opinião vem deturpada pela empatia (ou antipatia) do público às personagens e ao enredo; todavia, em qualquer assunto, o que não pode ocorrer é induzir a sociedade a tolerar a ilegalidade, o ilícito. E o tráfico é ilegal, repita-se! Dura lex, sed lex!

Procurar tornar o crime um "costume politicamente incorreto" é deturpar a verdade vigente enquanto vontade do Estado e induzir à sociedade em erro, causando até mesmo prejuízos a essa mesma sociedade, que será complacente com o que é ilícito, gerando assim, guardadas as devidas proporções, o "caos social", onde o indivíduo deixará progressivamente de respeitar a sociedade do qual faz parte, configurada no Estado.

Se a maconha for liberada, aí podem colocá-la até no programa da Xuxa, por mim tudo bem. Me adaptarei à nova legislação, afinal todos os dias fazemos isso - adaptar à novas leis - aqui no Brasil! Continuarei passando e procurando aconselhar os outros a passarem longe dela, assim como longe do cigarro e do álcool. Mas isso não é uma questão sócio-cultural, como a aceitação do homossexualismo, mas sim sócio-científica, que cabe aos antropólogos, sociólogos, bioquímicos, médicos psiquatras, criminalistas, etc. debaterem e decidirem.

Por outro lado, quanto ao homossexualismo, respeito os homossexuais, da mesma forma que quero ser respeitado - e todos os gays meus conhecidos me respeitam e têm meu respeito.

Nos canais a cabo, alguns programas deixam implícito ou explícito que a vida do gay é tão boa ou melhor que a do hétero, levando pessoas não só a "saírem do armário", como também a "experimentarem" o homossexualismo (ativo ou passivo, homossexualismo é um só!).

Se a vida não é um mar de rosas para os héteros, é um verdadeiro mar de espinhos para os gays. Eles ainda sofrem toda sorte de preconceito, diferentemente da "vidinha feliz" que levam nos seriados ou novelas de TV. Estes (seriados e novelas) deveriam mostrar não uma "comédia de costumes" com os gays, mas sim algo no gênero "drama", que refletisse bem as agruras da vida dos homossexuais: a discriminação, a falta de afeto sincero, a presença dos aproveitadores, a solidão na velhice, etc.

Isso, em princípio, poderia gerar sentimentos de pena, mas certamente se transformariam em respeito quando fosse mostrado que por trás de um homossexual há um ser humano, com toda a sua dignidade.

Quem sabe assim eles conseguiriam mais respeito do que através de beijos em horários nobres ou em público? Com efeito, presenciar um beijo gay não é algo normal, e de fato eu sinto asco ao ver uma coisa dessa. Como todo ser humano, para conquistar o respeito, é preciso primeiro se dar ao respeito, sem chocar a sociedade. Os tabus são quebrados à custa de demonstrações positivas, e não agressivas.

Derivando 1 - Vi na TV dias atrás algo sobre os "Oscars" de Tom Hanks. Disseram: "Ele ganhou um por ter feito o papel de um gay. Ganhou outro por ter feito o papel de um retardado. Para ganhar o terceiro é so fazer um gay retardado!".

Essa atitude discriminatória me decepcionou profundamente, fazendo-me pensar até mesmo sobre o liberalismo da TV, que demonstrou enorme hipocrisia ao aplaudir o ator premiado, para depois deixar vir à público uma piada de mau gosto a respeito.

Voltando ao tema central, os programas de TV dessa espécie me fizeram pensar que esse tipo de imposição da mídia sobre a sociedade traz mais prejuízos do que benefícios. O correto deveria ser o inverso, a mídia como reflexo da opinião da sociedade, e não a mídia como pretensa formadora de opinião imposta àquela.

Pronto, já falei de drogas, sexo e, quanto ao Rock'n Roll, que bom que o temos pra ouvir. E curtir...

10.11.05

Pirata paz-e-amor

Fiquei estupefato! A comunidade internacional declarou que o Brasil é complacente com a pirataria, ameaçando adotar medidas comerciais retaliatórias caso o país não se mexa para combater tal crime com mais efetividade.

Até aí tudo bem. É mesmo verdade que o Brasil está cada vez mais vítima da pirataria. Mas isso é culpa de dois grandes fatores:
1- A "economia informal", nome dado ao movimento financeiro gerado por desempregados que comercializam produtos (contrabandeados, piratas, etc.) e serviços ("bicos" em geral). Um eufemismo para as palavras "desemprego" e "subemprego".
2- A carga tributária excessiva, que faz com que seja mais vantajoso montar uma banca de camelô - para vender CD's e DVD's piratas, salgados e refrigerantes conservados em isopores, etc. - do que uma lojinha de discos ou um botequim.

O que me deixou inconformado foi o fato de que o nosso (in)digníssimo Presidente "Lulinha não-sei-de-nada paz-e-amor" voltou da Rússia, em seu reluzente avião, assistindo uma cópia pirata de "Dois filhos de Francisco"! E o pior é que isso vazou pra imprensa e pra comunidade
internacional!

Daí só se pode concluir que:
1- O Presidente é mesmo burro. Ele poderia ter assistido a algum filme que já tivesse saído em DVD. Se não tivesse dinheiro pra comprar um original, poderia ter pedido emprestado ao PT, ao Dirceu, ao Delúbio, ao Valério, ou até mesmo aos Bancos BMG ou Rural;
2- O Presidente foi mais burro ainda ao comentar que assistiu a um filme que ainda nem foi lançado em DVD. Ou ainda,
3- De quem o presidente se cerca também são burros. Ou muito "traíras". Se o Presidente não contou à imprensa que assistiu ao filme, alguém que estava com ele o fez.

O pior é que temos que ouvir um dos asseclas do reizinho do palanque dizer que "Nunca no Brasil foi feito tanto contra a pirataria...", juntando essa frase, numa demonstração de solidariedade, aos chavões do governo: "Nunca neste país...", "Estou convencido de que..." Podem observar: em todo pronunciamento, discurso, bate-papo no bate-bola, os membros do PTzinho dizem a mesma coisa, com a mesma frase feita.

É... de fato agora eu estou convencido de que nunca neste país um partido foi tão bitolado a ponto de todos se utilizarem dos mesmos (péssimos) cacoetes linguísticos. Mais ainda, estou convencido de que nunca neste país um partido fez tanto estrago com gafes e burrices sucessivas na política interna e externa.

E o pior é que eu votei nele! Estou convencido de que nunca neste país o povo foi tão burro quanto nas eleições presidenciais.

9.11.05

A América e os negros

Escrevo tardiamente, pois a novela "América" já terminou há algum tempo, mas não posso me furtar a observar algumas coisas a respeito dela. Primeiro, esclareco que assisti apenas os 10 ou 15 últimos capítulos, o que já foi suficiente para entender tudo o que se passava. Isso prova a falta de conteúdo da trama.

1- O beijo homossexual não foi ao ar. Ainda bem! Vocês já repararam que as redes de TV, especialmente a Globo, quando fazem pesquisa de opinião sobre política, economia, direito, ecologia, história, religião, e outros temas relevantes em geral, entrevistas pessoas na av. Paulista, em Copacabana ou Ipanema, na Savassi em BH, em Shoppings Centers, etc.? E que as pesquisas que se referem a "comportamento", especialmente no que tange à moral, as entrevistas são feitas com pessoas menos esclarecidas? Os primeiros, mais esclarecidos, têm uma visão mais racional e reta da realidade que nos cerca; os segundos, até mesmo por vivenciarem situações de exclusão e abandono afetivo, acham que "o amor supera tudo", "o importante é ser feliz", etc.
Pois bem. Assim se "forma opinião". Considerando o nível sócio-cultural do país, não é difícil perceber que a grande maioria dos telespectadores vai ao encontro da grande maioria dos entrevistados em assuntos de moral (não ética, que os menos esclarecidos têm até mais do que os outros). Aí surgem as manifestações de apoio ao beijo homossexual.
Não discrimino os gays de maneira alguma; apenas acho que não é um beijo numa novela que irá libertá-los do preconceito ainda presente na sociedade. Ao contrário, acho sinceramente que o beijo homossexual em público só serve para aumentar o preconceito em relação aos gays. Entendo que eles devem ocupar seu lugar na sociedade como as mulheres o fizeram: lutando pela igualdade de direitos, mostrando capacidade intelectual e profissional e maturidade quanto à sua condição e na sua relação com os outros. O beijo gay em público, longe de ser um ato de coragem, é um suicídio social e moral para quem o fez. Serão considerados mártires pelos outros gays, mas serão considerados ofensivos pelos heterossexuais.

2- O "purgatório" da novela é o Cirque du Soleil! Ao som de músicas sacras distorcidas os trapezistas fazem suas acrobacias enquanto outros giram um moinho. Tirando os que giram o moinho, onde está a purgação, o sofrimento de quem está no trapézio ou pendurados em lençóis?

3- Os papéis dos negros da novela não poderiam ser pior escolhidos. Acho que tem a ver com o tema "América", porque todos sabemos que os americanos ainda discriminam - e muito! - os negros. Vamos lá: O Feitosa é um banana que se deixa dominar pela mãe e acaba traído e descobrindo tarde. A mãe do Feitosa (d. Diva) é uma manipuladora fofoqueira insuportável. O Farinha é um filho ilegítimo. A mãe do Farinha (Dalva) é uma dançarina em Paris que, enquanto esteve no Brasil, foi presa algumas vezes (dançarina que vai presa não é dançarina, mas prostituta!). Os demais negros - figurantes - ou ficaram no "purgatório do Cirque du Soleil" girando o moinho (não havia um branco fazendo isso; brancos, só pendurados fazendo evoluções) ou eram sambistas (os únicos que riam à toa). Então, segundo a Globo, os únicos negros felizes são os sambistas.
Ora, bolas! Ser traído, fofoqueria, filho ilegítimo ou prostituta não é privilégio de negros. A Globo ajudaria muito mais se colocasse algum negro em um papel no núcleo rico de alguma novela. Isso sim iria fazer bem à auto estima deles.

Não sei se exagerei, mas essa foi a impressão que tive. Ao final, achei a novela ridícula. Mas no fundo isso é bom. Quem sabe aprendo a deixar de ver novelas, ainda que só os últimos capítulos, e procuro algo com mais conteúdo.